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Interior paulista registra circulação anormal de “mosca dos estábulos”

Editoria: Vininha F. Carvalho 13/07/2012

A circulação anormal da “mosca dos estábulos” (Stamoxys calcitrans) nas regiões Norte e Noroeste do Estado de São Paulo preocupa os pecuaristas pelas perdas que impõe. Segundo o professor Fabiano Antonio Cadioli, da Faculdade de Medicina Veterinária, Câmpus de Araçatuba, a infestação dos currais, áreas de pastagem ou de confinamento do rebanho é um problema sanitário. “Há uma mudança no ambiente que favorece a reprodução do inseto”, comenta.

A “mosca dos estábulos” coloca seus ovos, preferencialmente, em locais onde há estoque de matéria orgânica vegetal. O acúmulo de fezes de herbívoros é um foco de proliferação dessas e de outras espécies de moscas, agravado pela temperatura em alta.

Cadioli recomenda que o pecuarista mantenha limpos os espaços de manejo dos animais. Para ele, essa ação é fundamental para eliminar os criadouros, pois apenas a pulverização é pouco efetiva para combater a infestação.

Outros focos de proliferação do inseto são, por exemplo, os canaviais onde palha e demais restos vegetais de cana-de-açúcar são utilizados para a fertilização.

De acordo com o especialista, a aplicação excessiva de vinhaça, um sub-produto da cana empregada para enriquecer o solo também favorece a propagação das moscas. “Nesse caso, é preciso entendimento entre pecuaristas e agricultores”, adverte.

Vetor de outras doenças – Quando o ovo depositado na matéria orgânica eclode e as larvas tornam-se adultas, as moscas vão buscar seu alimento nos pastos próximos aos criadouros.

A “mosca dos estábulos” é hematófaga, ou seja, pica os animais para sugar o sangue. Surtos desse inseto causam anemia nos bichos, além do incômodo e do estresse. “Por isso eles perdem peso e diminuem a produção de leite em até 60%, causando perdas financeiras”, informa o Cadioli.

O pesquisador alerta também para outras doenças disseminadas pela “mosca dos estábulos”. Esse inseto pode ser vetor de bactérias causadoras de mastite e de muitos hemiparasitas, como Anaplasma sp e Trypanosoma sp.

Nos animais em cujo sangue esses hemiparasitas se hospedam, há febre, icterícia, diminuição da produção de leite, perda de peso, diarreia, abortos e anemia. “Esses parasitas consomem as reservas energéticas do animal”, assinala.

O problema, comenta Cadioli, é que os sintomas dessas doenças não são aparentes e somente serão visíveis quando a saúde dos animais já estiver debilitada. O diagnóstico é feito com exames de sangue, cujo resultado determinará o tratamento adequado.

Em artigo intitulado “Primeiro relato de surto por Trypanosoma vivax em vacas leiteiras no estado de São Paulo”, publicado na Revista Brasileira de Parasitologia, edição abril-junho 2012, o cientista descreve que a presença de insetos como “mosca-dos-chifres” (Haematobia irritans) e “mosca dos estábulos” (Stomoxys calcitrans) pode ter contribuído para dispersão do Trypanosoma vivax onde nunca havia sido observado anteriormente. ”O desequilíbrio ambiental favorece o aumento da população dessas moscas hematófagas, que em grande número podem facilmente difundir patógenos antes inexistentes em determinada região”, enfatiza.

Fonte: UNESP