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Passarinhos podem aprender gramática

Editoria: Vininha F. Carvalho 05/05/2006

As mais simples normas de gramática, que há tempos acreditava-se serem uma das coisas que separam seres humanos de animais, podem ser ensinadas a passarinhos comuns, sugere uma nova pesquisa. Estorninhos aprenderam a diferenciar entre uma seqüência normal de canção e outra contendo uma "frase" - um trecho da canção de outra espécie de pássaro, de acordo com um estudo na edição da quinta-feira (27/4) da revista Nature.

O psicólogo Tim Gentner,a da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) precisou de um mês e cerca de 15.000 tentativas, usando comida como recompensa, para levar os pássaros a reconhecer o mais básico dos princípios da gramática em sua própria linguagem. Mas o que ele descobriu poderá chocar os lingüistas.

Embora muitos animais saibam rugir, rosnar e fazer barulho, há anos acredita-se que a chave para distinguir a capacidade para a linguagem está na gramática básica. Sentenças que contêm uma frase explicativa são algo que só seres humanos conseguem apreender, imaginavam os cientistas.

Dois anos atrás, uma equipe de pesquisadores tentou induzir macacos a reconhecer frases, mas o projeto falhou. Os resultados foram visto como uma confirmação da teoria do lingüista Noam Chomsky, de que a "gramática recursiva" é exclusivamente humana.

Mas após o treinamento, nove dos 11 pássaros de Gentner eram capazes de reconhecer a canção com frases inseridas em 90% dos casos. Dois outros continuaram sem entender gramática.

O pesquisador treinou os pássaros usando três botões. Quando um pássaro bicava um botão, o aparelho tocaria diferentes versões de canção de pássaro, algumas com frases inseridas, outras sem. Se a canção seguisse um determinado padrão, os pássaros deveriam bicar o botão de novo. Se seguisse um padrão diferente, deveriam ficar parados. Se reconhecessem o padrão correto, os pássaros ganhavam comida.

Marc Hauser, diretor do laboratório de Evolução Cognitiva de Harvard, que realizou o experimento com macacos, disse que o estudo de Gentner é importante, pois mostra que "alguns recursos cognitivos de que dispomos podem ser compartilhados com outros animais".

Mas Hauser acredita que o resultado não refuta o artigo escrito por ele próprio e Chomsky, em 2002. Os estorninhos adquiriram uma gramática básica, mas não a semântica necessária para adquirir a capacidade de linguagem de que falava o trabalho dos dois.

Fonte: AP/Revista Nature